A Renault registrou oficialmente a nova fase do Duster ao divulgar, na Índia, os primeiros teasers do SUV e confirmar a apresentação em 26 de janeiro de 2026. No Brasil, até 27 de dezembro de 2025, não existe anúncio formal de lançamento dessa geração. A produção do modelo indiano foi confirmada para Chennai, na fábrica da aliança Renault-Nissan, e a apuração parte das imagens oficiais e de informações técnicas divulgadas pela própria montadora.

O que aparece nas prévias não é um simples ajuste estético. O Duster destinado ao mercado indiano traz uma identidade visual própria, diferente do modelo global vendido sob a marca Dacia e também das versões Renault conhecidas em outros países. As luzes diurnas em LED adotam um desenho exclusivo, e as lanternas traseiras passam a ser conectadas por uma faixa iluminada, solução inédita no Duster global. O recado visual é direto, a Índia não vai receber uma cópia, mas uma interpretação específica do projeto.
Essa decisão está ligada ao peso estratégico do modelo naquele mercado. A estreia marcada para 2026 coloca o Duster no centro da ofensiva da aliança para recuperar participação em um dos segmentos mais disputados do país, dominado por SUVs compactos. A produção local permite calibrar porte, design e conteúdo para enfrentar rivais diretos como Creta e Seltos, sem depender das amarras do projeto europeu.

O mesmo conjunto mecânico e estrutural também dará origem a um modelo equivalente da Nissan, batizado de Tekton. Os dois SUVs serão fabricados lado a lado em Chennai, com foco tanto no mercado interno quanto em exportações. A estratégia não para aí. A partir de 2027, a aliança planeja expandir essa família com SUVs de sete lugares, usando a mesma base industrial e técnica, ampliando escala e diluindo custos em um mercado extremamente sensível a preço.
No Brasil, o cenário é mais cauteloso. O Duster vendido atualmente ainda se apoia na geração anterior do projeto e ocupa um espaço intermediário na gama, posicionado entre o Kardian e o recém-lançado Boreal, que assumiu o papel de SUV mais sofisticado da marca. Mesmo assim, a Renault já deixou claro, em declarações recentes da sua liderança local, que o Duster permanece no portfólio e que o nome não será abandonado, embora não exista definição pública sobre quando ou como uma nova geração será apresentada por aqui.
É nesse ponto que o teaser indiano ganha relevância para o mercado brasileiro. Ele mostra, na prática, que a Renault trabalha com múltiplas versões do mesmo projeto, adaptadas a cada região, e que nenhuma delas é automaticamente global. O Duster europeu, o indiano e o brasileiro passam a seguir lógicas diferentes, moldadas por custo, posicionamento e concorrência local.
Enquanto a Índia já tem data, fábrica e identidade visual definidas, o consumidor brasileiro segue diante de uma equação aberta. O Duster atual continua à venda, o Boreal ocupa o espaço de novidade, e a nova geração existe, mas acontece longe. A tensão está no tempo, comprar agora um projeto que a marca sabe que será substituído ou esperar uma renovação que ainda não tem calendário, nem rosto confirmado para o Brasil.