A Tesla anunciou um recall envolvendo praticamente todas as unidades da picape elétrica Cybertruck vendidas nos Estados Unidos. A medida foi tomada após alertas da Administração de Segurança no Tráfego em Rodovias Nacionais (NHTSA), que identificou risco de desprendimento de peças da lataria. A falha ocorre nas faixas de aço inoxidável afixadas entre o para-brisa e o teto do veículo.
Pontos Principais:
O problema ganhou visibilidade após vídeos circularem nas redes sociais, mostrando pessoas arrancando as peças com as mãos. Foram registradas 151 queixas de proprietários relatando o mesmo problema, embora sem relatos de acidentes ou ferimentos. A Tesla informou que substituirá gratuitamente os painéis dos veículos afetados. As notificações oficiais começarão a ser enviadas a partir de 19 de maio.
Essa ação representa o oitavo recall envolvendo o Cybertruck nos últimos 15 meses. A montadora enfrenta desafios operacionais e de reputação, enquanto também lida com quedas no valor das ações e tensões políticas associadas ao alinhamento de Elon Musk com o governo dos Estados Unidos.
O recall afeta 46.096 unidades fabricadas entre novembro de 2023 e fevereiro de 2025. A falha está nas faixas de aço inoxidável fixadas com um adesivo que pode se soltar devido à fragilização ambiental. A montadora estima que 1% dos veículos apresentem esse defeito.
Antes do anúncio oficial, vídeos nas redes sociais demonstraram o problema, aumentando a pressão sobre a Tesla. A montadora informou que cobrirá todos os custos de substituição das peças por versões que atendam aos padrões de durabilidade. No entanto, até 18 de março, a empresa ainda não havia implementado uma solução definitiva na linha de produção.
A expectativa da Tesla era corrigir a falha até 21 de março. A substituição dos painéis será feita sem custos para os proprietários, e a comunicação oficial do recall começará em maio.
O Cybertruck já soma seis recalls nos Estados Unidos desde seu lançamento, em novembro de 2023. Em junho do ano passado, houve problemas relacionados à carroceria da caçamba que poderiam se desprender durante o movimento.
Em abril de 2024, a Tesla realizou outro recall para corrigir pedais de acelerador que poderiam travar. Em novembro do mesmo ano, um inversor elétrico defeituoso levou à redução da potência das rodas, exigindo nova intervenção da montadora.
Além dos recalls, vídeos publicados por influenciadores mostraram falhas estruturais. O canal WhistlinDiesel publicou imagens de um teste em que o Cybertruck se partiu ao meio. Outro canal, JerryRigEverything, também mostrou o colapso da parte traseira do veículo em um teste de resistência.
As ações da Tesla acumulam queda de mais de 40% em 2025. A situação se agravou após o alinhamento político de Elon Musk com o governo Trump e o apoio declarado ao partido alemão Alternativa para Alemanha (AfD).
Esse posicionamento provocou reações negativas no mercado e aumentou atos de vandalismo contra veículos, estações de recarga e concessionárias da marca, não apenas nos Estados Unidos, mas também na Europa e Oceania.
A Tesla, inclusive, enviou uma carta a uma agência do governo americano para promoção do comércio exterior, criticando a política tarifária imposta por Trump. A montadora teme que as tarifas prejudiquem sua competitividade no mercado interno e externo.
Elon Musk continua defendendo o Cybertruck como um veículo seguro. Recentemente, publicou em sua rede social que o modelo possui “segurança em nível apocalíptico”, após o veículo receber cinco estrelas de segurança da NHTSA.
Durante a apresentação do protótipo, em 2019, Musk destacou a resistência da carroceria com demonstrações de impacto e vídeos do veículo suportando tiros. No entanto, um episódio marcante foi o teste do “vidro blindado”, que acabou quebrando ao ser atingido por uma bola de metal.
Em uma tentativa de capitalizar o incidente, a Tesla lançou adesivos de US$ 55 imitando o vidro quebrado, que esgotaram rapidamente. Mesmo assim, dúvidas permanecem sobre a durabilidade do Cybertruck diante das falhas detectadas nos últimos meses.