Toyota Yaris Cross pega só 2 estrelas em teste de segurança e assusta consumidores
Pontos Principais:
- O Toyota Yaris Cross recebeu apenas 2 estrelas no teste de segurança do Latin NCAP, refletindo falhas críticas na proteção dos ocupantes.
- Apesar de contar com seis airbags e controle eletrônico de estabilidade, o modelo falhou na proteção a pedestres e usuários vulneráveis.
- O Yaris Cross teve uma boa performance nos testes de colisão frontal, mas a proteção do tórax do motorista foi classificada como marginal.
- O modelo obteve baixa pontuação por não contar com recursos avançados como frenagem autônoma de emergência e assistente de velocidade, essenciais para a segurança.
O Toyota Yaris Cross chegou ao mercado brasileiro cercado de expectativa. Novo, com proposta familiar, opções híbridas e produção nacional, o SUV compacto parecia reunir todos os ingredientes para se destacar em um dos segmentos mais disputados do país. Mas a primeira grande prova pública, o teste de segurança do Latin NCAP, trouxe um alerta que ninguém esperava logo na largada.
Avaliado pelo principal programa independente de segurança veicular da América Latina, o Yaris Cross recebeu apenas duas estrelas de um total de cinco possíveis. O resultado chama atenção não apenas pela nota em si, mas pelo contexto. Trata-se de um modelo recém-lançado, desenvolvido para atender mercados emergentes e vendido como um carro moderno, eficiente e seguro para uso familiar.
O teste foi divulgado enquanto o primeiro híbrido bicombustível do Brasil ainda começa a chegar às concessionárias brasileiras. O Yaris Cross é produzido em Sorocaba, no interior de São Paulo, e também na Indonésia, mas o Latin NCAP não informou a origem da unidade avaliada. A própria Toyota ainda não confirmou se o veículo testado saiu da linha brasileira ou asiática, o que deixa uma dúvida importante sobre a configuração exata analisada.
Nos números divulgados pelo órgão, o desempenho ficou longe de ser desastroso, mas também não foi suficiente para alcançar uma classificação mais alta. A proteção para ocupantes adultos ficou em 77,01%, enquanto a proteção para ocupantes infantis alcançou 69,29%. Já os índices mais críticos apareceram na proteção a pedestres e usuários vulneráveis, com 55,60%, e na assistência à segurança, com 58,14%. Foi justamente esse conjunto que puxou a nota final para baixo.
Nos testes de impacto frontal, a estrutura do veículo foi considerada estável, assim como a área dos pés do motorista, um ponto positivo dentro do protocolo. No entanto, o tórax do condutor apresentou proteção classificada como marginal tanto no impacto frontal quanto no impacto lateral contra poste, um dos cenários mais severos do teste. Esse detalhe pesa porque indica maior risco de lesões em colisões reais.
O desempenho dos sistemas voltados ao transporte de crianças foi melhor quando o veículo utilizou cadeirinhas instaladas voltadas para trás e presas pelas ancoragens ISOFIX. Nessa condição, o Latin NCAP considerou a proteção adequada. Ainda assim, a pontuação foi reduzida por falhas consideradas básicas pelo protocolo atual, como a ausência de um interruptor para desativar o airbag do passageiro dianteiro ao transportar uma cadeirinha nessa posição, além da falta de sinalização adequada alertando para esse uso.
Quando o foco se volta para a proteção de pedestres, o cenário se torna mais preocupante. Os testes apontaram resultados que variaram de regulares a baixos, principalmente pela ausência de recursos mais avançados ligados à frenagem autônoma de emergência com reconhecimento de usuários vulneráveis da via. O sistema até existe no veículo, mas não pontuou nos critérios exigidos pelo protocolo, o que teve impacto direto na nota final.
Outro ponto que pesou negativamente foi a ausência de assistente de velocidade e de outros sistemas de apoio à condução que hoje já aparecem em concorrentes diretos do segmento. Mesmo contando com seis airbags e controle eletrônico de estabilidade de série, o Yaris Cross acabou penalizado por não oferecer um pacote mais completo de tecnologias preventivas, algo cada vez mais valorizado nas avaliações de segurança.
O resultado expõe um dilema comum no mercado brasileiro. O protocolo do Latin NCAP evoluiu e ficou mais rigoroso, passando a valorizar não apenas a resistência estrutural em colisões, mas também a capacidade do carro de evitar acidentes. Modelos que não acompanham esse avanço acabam ficando para trás, mesmo quando trazem equipamentos considerados básicos até pouco tempo atrás.
No Brasil, o Yaris Cross é conhecido como SUV compacto mais econômico do Brasil e vendido em quatro versões, XRE, XRE Hybrid, XRX e XRX Hybrid, com preços que variam de R$ 161.390 a R$ 189.990. As versões convencionais usam motor 1.5 aspirado, enquanto as híbridas combinam o mesmo propulsor a um motor elétrico, com foco em eficiência e menor consumo, um dos principais atrativos do modelo.
A nota de segurança chega em um momento sensível, em que consumidores estão mais atentos aos testes independentes e comparam resultados antes de fechar negócio. No segmento de SUVs compactos, que costuma atender famílias e motoristas urbanos, a segurança tem peso cada vez maior na decisão de compra.
O desempenho do Yaris Cross no Latin NCAP não significa que o modelo seja inseguro, mas indica que ele entrega menos do que poderia dentro dos padrões atuais. Para a Toyota, fica o desafio de responder ao mercado, seja com atualizações de equipamentos, seja com ajustes técnicos nas próximas etapas da vida do modelo.
Para o consumidor, o teste serve como um lembrete importante. Design, consumo e preço chamam atenção no primeiro olhar, mas os números de segurança contam uma história que só aparece quando o carro é colocado à prova. E, nesse caso, o Yaris Cross estreia com um sinal amarelo aceso.
