A correia dentada banhada a óleo soa como uma ideia de gênio: uma correia de borracha imersa em óleo, prometendo o silêncio suave de uma correia convencional com a durabilidade de uma corrente metálica. E até que faz sentido – pelo menos, na teoria. Com a lubrificação adequada, essa correia pode durar mais de 200 mil km. No papel, tudo parece ótimo; afinal, ela promete mais eficiência, menos ruído e menos manutenção.
Pontos Principais:
Mas, claro, tem o “porém”. A coisa toda desanda se você não usar o óleo exato com aditivos específicos, como se fosse o único elixir mágico capaz de manter essa correia funcionando. Se o óleo não for o certo – não basta só a viscosidade, precisa seguir as normas do fabricante –, a correia começa a inchar, se desfazer e, bom… vira um problemão. É aí que os donos de usados entram na história, porque ninguém sabe ao certo que tipo de óleo foi usado nas oficinas que cuidaram desses carros antes de eles chegarem ao mercado de seminovos.
E agora, você comprou aquele Onix ou Ka achando que tinha feito um ótimo negócio, mas já está preocupado. Para ficar em paz, a melhor saída é revisar a correia, o óleo e o filtro logo de cara. Afinal, como bem sabemos, toda essa sofisticação de correia banhada a óleo é ótima até que falhe – e quando falha, o estrago pode ser grande. Então, fica a dica: se você é daqueles que prefere algo sem surpresas, talvez um motor com corrente metálica ainda seja a melhor escolha.
Nos últimos anos, uma nova tecnologia de correias dentadas banhadas a óleo passou a ser aplicada em alguns modelos de carros, especialmente aqueles com motores de três cilindros. Esse sistema foi introduzido para oferecer maior durabilidade e eficiência, além de reduzir ruídos em comparação com correias secas e correntes metálicas tradicionais. O uso dessa tecnologia, no entanto, gera debates e exige cuidados específicos na manutenção.
As correias banhadas a óleo têm apresentado boa performance em testes, mas o mercado brasileiro registra uma série de relatos sobre dificuldades enfrentadas pelos usuários. Esses relatos indicam que a tecnologia demanda atenção especial à especificação do óleo lubrificante utilizado. As consequências da escolha inadequada de óleo podem variar desde o desgaste prematuro até o risco de danos ao motor.
As correias dentadas banhadas a óleo trabalham encapsuladas no motor, em contato direto com o lubrificante. Diferente das correias convencionais, esse modelo utiliza uma correia de borracha específica que é mantida em contato com o óleo do motor. A lubrificação ajuda a reduzir atritos e o desgaste natural da peça, prolongando sua vida útil em comparação com outros sistemas.
Essas correias têm uma durabilidade superior a 200 mil km, dependendo da aplicação, e foram desenvolvidas para operar de maneira silenciosa, sem exigir substituição frequente. No Brasil, a Ford e a Chevrolet foram algumas das montadoras que aplicaram a tecnologia, especialmente em modelos como o Ford Ka e o Chevrolet Onix. Esses veículos buscam combinar a durabilidade de uma corrente metálica com o desempenho menos ruidoso de uma correia.
Para garantir essa durabilidade, o óleo utilizado precisa conter aditivos específicos que evitam o desgaste da correia. A aplicação incorreta de lubrificantes sem as características recomendadas pode comprometer a integridade do sistema, gerando o efeito oposto ao esperado, com falhas que podem se estender a outros componentes do motor.
Vários modelos no Brasil adotaram a correia dentada banhada a óleo. Na Ford, o sistema foi introduzido no motor 1.0 de três cilindros do Ford Ka em 2015 e foi mantido em modelos subsequentes. A Chevrolet passou a utilizar o sistema em 2019 nos motores da família CSS, como no Chevrolet Onix e Tracker. Outras montadoras, como Citroën e Peugeot, aplicaram essa tecnologia em modelos equipados com motor de três cilindros PureTech 1.2.
Abaixo, alguns dos modelos que utilizam essa tecnologia:
Esses veículos possuem especificações de lubrificação que precisam ser seguidas à risca. Para os modelos da Ford, o óleo indicado é o SAE 5W-20, enquanto a Chevrolet recomenda o uso de lubrificantes com aprovação Dexos 1 Gen 2. Nos modelos Citroën e Peugeot, o óleo deve atender à certificação PSA B71 2302.
A manutenção correta é essencial para garantir a durabilidade das correias banhadas a óleo. Os fabricantes recomendam que o óleo seja trocado sempre com o tipo e especificação correta, evitando substituições baseadas apenas na viscosidade. O uso de óleos inadequados ou sem os aditivos recomendados pode levar ao comprometimento da correia, como inchaço, desintegração ou até fragmentação da peça.
As locadoras, que muitas vezes compram esses modelos para frota, costumam realizar a manutenção em oficinas terceirizadas, onde o custo pode levar à escolha de óleos mais baratos e inadequados. Isso gera consequências que afetam o consumidor que adquire o carro posteriormente no mercado de usados. Recomenda-se que proprietários desses modelos que compraram veículos usados ou não conhecem o histórico de manutenção considerem a substituição preventiva da correia e dos componentes de lubrificação.
Entre os problemas mais comuns resultantes da manutenção incorreta estão o entupimento dos dutos de óleo e da bomba de óleo, causados por fragmentos da correia. Esse tipo de desgaste tende a ocorrer de forma prematura e pode resultar em danos significativos ao motor, caso não sejam realizadas intervenções imediatas.
A adoção da correia dentada banhada a óleo oferece algumas vantagens importantes, como o aumento da durabilidade, a redução de ruído e a diminuição das vibrações do motor. Esses atributos contribuem para uma operação mais eficiente e com menos perda de energia devido ao atrito. Além disso, a expectativa é que esses modelos exigiriam menos manutenção, especialmente durante os primeiros anos de uso.
Apesar dessas vantagens, os desafios na manutenção são fatores importantes que podem afetar a experiência do proprietário. O uso de óleos sem os aditivos exigidos pode comprometer a longevidade da correia. Outros pontos de atenção incluem a dificuldade em monitorar visualmente o estado da correia, visto que ela opera dentro do motor, além do custo elevado da substituição em relação às correias secas convencionais.
Esses desafios são uma das razões pelas quais muitos consumidores brasileiros têm demonstrado hesitação em adotar carros com essa tecnologia. As redes de assistência técnica e concessionárias orientam os consumidores a seguirem as indicações do fabricante de forma rigorosa, mas a aplicação inadequada de lubrificantes em situações de manutenção comum continua a ser um problema recorrente.
A tecnologia de correias dentadas banhadas a óleo se apresenta como uma solução viável para alguns modelos de motor, com o potencial de aumentar a eficiência e reduzir a necessidade de manutenções constantes. No entanto, os cuidados exigidos na manutenção podem representar uma limitação, especialmente no Brasil, onde o uso de combustíveis e lubrificantes adulterados ainda é uma realidade.
Os consumidores que optam por adquirir um veículo com essa tecnologia devem estar atentos à importância de seguir as especificações de óleo do fabricante. Recomenda-se que, ao adquirir um veículo usado com correia banhada a óleo, seja realizada uma revisão completa do sistema de lubrificação e da correia dentada, para garantir que não houve compromissos em sua integridade devido ao uso de lubrificantes inadequados.
Para os consumidores que desejam evitar problemas relacionados à correia banhada a óleo, pode ser recomendável priorizar modelos com correntes metálicas ou correias secas convencionais, que possuem menos restrições de manutenção e lubrificação.
Fonte: AutoPapo, R7 e QuatroRodas.